E vem mais uma greve por aí...

Foto: Andreivny Ferreira

Não é de hoje que vemos, lemos ou ouvimos falar de alguma greve em qualquer serviço essencial do Brasil. Greves essas que prejudicam ou ajudam alguns da nossa sociedade que só fazem remeter a velha briga entre patrões e empregados.

Pois bem, aqui em Natal não é diferente: Qualquer órgão ou serviço tem greve todo santo ano. E a mais nova ameaça é dos rodoviários. Sim, daqueles que nos levam para a escola, para o trabalho, para algum evento, para qualquer lugar. Esta é mais uma eminência de uma greve no sistema de ônibus urbanos da capital potiguar.

Os rodoviários possuem sim reivindicações justas, como sempre: Desta vez, querem um aumento de 15%, mais acréscimo no vale-alimentação, além, dentre outras coisas, da extinção da lei que diz que até 20% da frota de ônibus não necessita de ter o posto de cobrador. Ora, essa é a função primordial do transporte público em qualquer lugar. O cobrador serve justamente para auxiliar o motorista no serviço de transporte de passageiros. Passa por ele o faturamento da empresa que trabalha. Passa por ele o que pode ser o seu salário mensal. Enquanto isso, as empresas burlam descaradamente essa lei, colocando bem mais que 20% de sua frota sem cobrador: Os pobres dos motoristas, além de dirigir um veículo pesado - E muitas vezes, lotado, ainda tem de se preocupar com uma função que não é sua - De receber a tarifa cara de R$ 2 dos passageiros - sem receber nada a mais por isso.

Para piorar a situação, os espertos empresários do SETURN dizem que só podem aumentar o salário em 3,5%, o que não dá ganho real aos trabalhadores. Em entrevista hoje ao jornal do meio dia, da 88 FM, um dos empresários vinculou esse aumento de 15% a um possível reajuste das tarifas - Segundo comentários de leitores da Tribuna do Norte, a passagem pode subir para R$ 2,30. O sindicato é contra o aumento das tarifas, aparentemente, e quer o aumento sem impacto na população, o que é pouco provável.

Os empresários são muito é dos espertos. Eles faturam milhões para administrar uma frota de 700 ônibus, muitos deles velhos, que são desconfortáveis, com um despreparo incrível dos operadores (Melhor nem contar os casos que já presenciei), tendo de se pagar uma tarifa absurda apenas para manter o padrão de vida bom daqueles que comandam as empresas e não andam nos seus próprios ônibus.

Porém, o que pode acontecer, mais uma vez, é o caos urbano de grandes proporções em uma cidade de 800 mil habitantes. Imagine aí uma cidade com pouco mais de 150 ônibus na rua, com milhares de pessoas dependendo deles, tendo que sair bem mais cedo de casa - Devido a imprevisibilidade de horário dos veículos - e andar em ônibus superlotados, sem qualquer tipo de estrutura... Pois bem, sou a favor sim de que os rodoviários lutem pelos seus direitos. Mas, que lutem por eles sem prejudicar os que mais precisam de seus serviços. A população não pode ficar a mercê, no meio da rua, esperando um transporte sem hora certa, sem saber nem se vai conseguir entrar nele. Os rodoviários devem é fazer como fazem atualmente, fazendo mobilizações nas garagens e por um período determinado, prejudicando menos a população e lutando igualmente pelos seus direitos.

Agora é esperar o dia seguinte a estréia do Brasil na Copa do Mundo - No dia 16 eles vão decidir se entram em greve ou não - para ver o que é que vai acontecer: Se vamos ter um povo feliz, indo para seu trabalho ou para a aula tranqüilamente, se vamos ter um povo triste indo para seu trabalho ou para a aula tranqüilamente, ou se teremos um povo com raiva dos ônibus, sem saber se vai chegar no seu destino a tempo.