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Ah, as estatísticas... Cinco dias, 14 jogos, meros 23 golzinhos, média de 1,64 por partida. Em 1977, sozinho, durante todos os 17 prélios do Campeonato Brasileiro, o centroavante Reinaldo, do Atlético-MG, botou no barbante com essa mesma frequência. O que significa que... Bem, significa que, até o momento, saudosistas e utópicos do futebol estão bastante decepcionados com esta Copa tão sovina em eficiência ofensiva.
O futebol muquirana é um funcionário metódico, exemplar, assiduidade à toda prova, sempre pontual: bateu ponto nesta terça-feira nos três encontros agendados na África do Sul. A diferença é que, em um deles, estava em campo o todo poderoso pentacampeão mundial. No Ellis Park, em Joanesburgo, o Brasil enfrentou a seleção que ocupa a 105ª colocação do ranking da Fifa. E, mesmo a parcos 3 graus acima de zero, precisou suar muito para sair com um anoréxico 2 a 1. É uma dúvida daquelas que morde o próprio rabo feito cachorro velho e demenciado: acabaram mesmo os bobos no futebol ou os bichos papões é que estão em extinção? A seleção jogou mal? É da natureza do time de Dunga se enrolar com times pequenos? A explicação dos jogadores passou pelo sistema nervoso. Maicon, eleito o melhor do confronto pela Fifa, apareceu com os olhos apertados e expressão sofrida na comemoraçao de seu gol. Na entrevista após o jogo, porém, negou ter vertido lágrimas:
- Não cheguei a chorar, mas mas foi emocionante - disse o primeiro lateral-direito do Brasil a fazer gols em Copas do Mundo, após 24 anos.
O momento emo não assumido passou batido, mas a notícia de que a seleção tinha ficado cinco Mundiais sem festejar gols de jogadores daquela posição foi amplamente destacada e caracterizada como "quebra de jejum". O que isso significa? Mais uma marca irrelevante, a tal da "informação inútil" (useless information) que o velho Mick Jagger gongou na jurássica "Satisfaction". Se os números e cifras muitas vezes não servem para nada, melhor falar da emoção, o intangível do futebol. E nesse quesito a terça-feira 15 de junho de 2010 serviu para mostrar ao mundo uma coisa: os stalinistas também choram. Jong Tae Se, apelidado Rooney asiático, se debulhou em lágrimas ao ouvir o hino de seu país de adoção (nascido no Japão, mas filho de coreanos ligados ao regime de Pyongyang, ele é comunista desde criancinha). Depois desse momento emo rasgado, Tae Se correu, driblou, chutou, deu sangue dentro de campo - curiosamente extraído numa trombada com Maicon. Não chegou a ser jogo bonito, mas foi tocante. Do lado brasileiro, Dunga até caprichou no modelito Alexandre Herchcovitch, mas a elegância mesmo ficou a cargo de Juan e Robinho, além do já citado lateral da Inter de Milão.
Ainda é cedo para saber se essa seleção vai proporcionar alegrias ao país ou apenas mais duas tardes de folga e cervejada. O fato é que o grupo G não é um piquenique. Portugal e Costa do Marfim, que lutam com Brasil e Coreia do Norte pelas duas vagas, protagonizaram mais um zero a zero com defeitos comuns a quase todos os jogos desta Copa. A diferença? Muita força física (principalmente dos marfinenses) e talentos raros como Cristiano Ronaldo. Mesmo desassistido por colegas como Deco, Dany e Liedson (bons jogadores, mas todos em péssimo dia), o Homem da Partida, segundo a Fifa, deu um tirambaço na trave aos dez minutos muito trabalho aos armários de mogno da zaga adversária. Em um momento particularmente tenso, após sofrer falta ignorada pelo juiz uruguaio Jorge Larrionda, se viu cercado por quatro rivais, e, quase de rosto colado com o imenso Demel, levou uma inusitada umbigada.
No segundo tempo, tivemos a entrada do incrível Drogba. Reabilitado em tempo recorde após fratura no braço direito, o melhor jogador africano da atualidade mostrou saúde de Wolverine e, nos minutos finais, deixou de lado a cautela e partiu pra cima com o ímpeto habitual. No penúltimo lance do jogo, invadiu a área com perigo, mas chutou bisonhamente, estabacando-se na pequena área, com todo o peso em cima do braço - ufa! - esquerdo.
Em Rustemburgo, o núcleo de peladas bizarras da África do Sul ganhou um concorrente sério a pior confronto da Copa. A Eslováquia, parte mais pobre dos herdeiros decadentes da tradicional escola tcheca, estava certa de que iria triunfar sobre a Nova Zelândia. No duelo de bois brabos e festival de maus tratos à bola (veja os piores momentos ao lado), achou um golzinho de cabeça, em impedimento. No segundo tempo, o "professor" Vladimir Weiss inventou de substituir um dos únicos em campo que sabia alguma coisa, Vitteck (o melhor do jogo, segundo a Fifa). E foi castigado com o empate aos 48 do segundo tempo. Reid, de cabeça, deu aos kiwis seu primeiro ponto em Copas. E fez história - não por isso, claro, mas por derrubar milhões de pessoas em bolões mundo afora.
O futebol muquirana é um funcionário metódico, exemplar, assiduidade à toda prova, sempre pontual: bateu ponto nesta terça-feira nos três encontros agendados na África do Sul. A diferença é que, em um deles, estava em campo o todo poderoso pentacampeão mundial. No Ellis Park, em Joanesburgo, o Brasil enfrentou a seleção que ocupa a 105ª colocação do ranking da Fifa. E, mesmo a parcos 3 graus acima de zero, precisou suar muito para sair com um anoréxico 2 a 1. É uma dúvida daquelas que morde o próprio rabo feito cachorro velho e demenciado: acabaram mesmo os bobos no futebol ou os bichos papões é que estão em extinção? A seleção jogou mal? É da natureza do time de Dunga se enrolar com times pequenos? A explicação dos jogadores passou pelo sistema nervoso. Maicon, eleito o melhor do confronto pela Fifa, apareceu com os olhos apertados e expressão sofrida na comemoraçao de seu gol. Na entrevista após o jogo, porém, negou ter vertido lágrimas:
- Não cheguei a chorar, mas mas foi emocionante - disse o primeiro lateral-direito do Brasil a fazer gols em Copas do Mundo, após 24 anos.
O momento emo não assumido passou batido, mas a notícia de que a seleção tinha ficado cinco Mundiais sem festejar gols de jogadores daquela posição foi amplamente destacada e caracterizada como "quebra de jejum". O que isso significa? Mais uma marca irrelevante, a tal da "informação inútil" (useless information) que o velho Mick Jagger gongou na jurássica "Satisfaction". Se os números e cifras muitas vezes não servem para nada, melhor falar da emoção, o intangível do futebol. E nesse quesito a terça-feira 15 de junho de 2010 serviu para mostrar ao mundo uma coisa: os stalinistas também choram. Jong Tae Se, apelidado Rooney asiático, se debulhou em lágrimas ao ouvir o hino de seu país de adoção (nascido no Japão, mas filho de coreanos ligados ao regime de Pyongyang, ele é comunista desde criancinha). Depois desse momento emo rasgado, Tae Se correu, driblou, chutou, deu sangue dentro de campo - curiosamente extraído numa trombada com Maicon. Não chegou a ser jogo bonito, mas foi tocante. Do lado brasileiro, Dunga até caprichou no modelito Alexandre Herchcovitch, mas a elegância mesmo ficou a cargo de Juan e Robinho, além do já citado lateral da Inter de Milão.
Ainda é cedo para saber se essa seleção vai proporcionar alegrias ao país ou apenas mais duas tardes de folga e cervejada. O fato é que o grupo G não é um piquenique. Portugal e Costa do Marfim, que lutam com Brasil e Coreia do Norte pelas duas vagas, protagonizaram mais um zero a zero com defeitos comuns a quase todos os jogos desta Copa. A diferença? Muita força física (principalmente dos marfinenses) e talentos raros como Cristiano Ronaldo. Mesmo desassistido por colegas como Deco, Dany e Liedson (bons jogadores, mas todos em péssimo dia), o Homem da Partida, segundo a Fifa, deu um tirambaço na trave aos dez minutos muito trabalho aos armários de mogno da zaga adversária. Em um momento particularmente tenso, após sofrer falta ignorada pelo juiz uruguaio Jorge Larrionda, se viu cercado por quatro rivais, e, quase de rosto colado com o imenso Demel, levou uma inusitada umbigada.
No segundo tempo, tivemos a entrada do incrível Drogba. Reabilitado em tempo recorde após fratura no braço direito, o melhor jogador africano da atualidade mostrou saúde de Wolverine e, nos minutos finais, deixou de lado a cautela e partiu pra cima com o ímpeto habitual. No penúltimo lance do jogo, invadiu a área com perigo, mas chutou bisonhamente, estabacando-se na pequena área, com todo o peso em cima do braço - ufa! - esquerdo.
Em Rustemburgo, o núcleo de peladas bizarras da África do Sul ganhou um concorrente sério a pior confronto da Copa. A Eslováquia, parte mais pobre dos herdeiros decadentes da tradicional escola tcheca, estava certa de que iria triunfar sobre a Nova Zelândia. No duelo de bois brabos e festival de maus tratos à bola (veja os piores momentos ao lado), achou um golzinho de cabeça, em impedimento. No segundo tempo, o "professor" Vladimir Weiss inventou de substituir um dos únicos em campo que sabia alguma coisa, Vitteck (o melhor do jogo, segundo a Fifa). E foi castigado com o empate aos 48 do segundo tempo. Reid, de cabeça, deu aos kiwis seu primeiro ponto em Copas. E fez história - não por isso, claro, mas por derrubar milhões de pessoas em bolões mundo afora.
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