14 de junho de 2010

Copa 2010: Jogo bonito da Alemanha redime dia marcado por lambanças

11:48 | , ,

Créditos: Globoesporte.com
A Alemanha começou com dois pés direitos - de Thomas Müller e Cacau -, uma bela canhota (de Lukas Podolski) e a cabeça de Miroslav Klose. Os 4 a 0 no placar em Durban entregam: foi um sacode mesmo - e ainda assim saiu barato para Austrália. Enfim, um jogo de Copa do Mundo com maiúsculas. Como diz aquela expressão moralista recentemente popularizada pelo jornalismo de celebridades,  Argentina e Inglaterra tinham entrado no Mundial mostrando mais do que deviam. Com status de favoritos, exibiram deficiências preocupantes: no time armado por Maradona, pelo setor defensivo; no caso dos britânicos, na mais crucial das posições, o gol.

A Alemanha, não. Os comandados por Joachim Löw exibiram ótimo futebol, velocidade e alguns talentos pouco conhecidos por quem não acompanha a Bundesliga. Entre eles, o intrépido canhoto Mesut Özil, 21 anos, filho de turcos que joga no Werder Bremen e que tem no ex-colega brasileiro Diego um de seus grandes fãs. Foi uma estreia com pinta de prémière. Ballack? Que Ballack? Ninguém sentiu falta do bully metido a dono da seleção alemã e do Chelsea, excluído da competição por uma entrada carniceira do ganês Kevin-Prince Boateng na final da Copa da Inglaterra, em maio.

Se Klose, 32 anos, tivesse metade da categoria que Ronaldo já possuiu, poderia ter saído do estádio no cangote do Fenômeno como recordista de gols em Mundiais. Mas, como Klose é Klose, perdeu dois (um deles, feitinho) e botou pra dentro um, chegando à respeitável marca de 11 tentos em Copa do Mundo. O cruzamento de Lahm veio na marca do pênalti, e, antes da trombada com o goleiro Schwarzer, testou para as redes. Na comemoração, um sinal redondinho com os dedos: alles klar, OK! Alô, Ronaldo: mais quatro desses e Klose se iguala ao brasileiro.

Em Copa do Mundo, ninguém fez mais gols por via aérea do que o experiente alemão. Ele sabe que para jogar futebol é necessario usar a cabeça. E neste domingo, dois dos derrotados foram prejudicados por grandes burradas de seus jogadores. Em Pretória, a Sérvia selou sua derrota em um pênalti imbecil de Kuzmanovic, 22 (22 anos), que esticou o braço dentro da área em um cruzamento vadio, alto demais para ser aproveitado por Boateng. Cínico e chiliquento, ele tentou negar naquele momento. Depois da partida, porém, caiu em si: "Fui um estúpido, cometi um erro estúpido. Peço desculpas à Sérvia pelo meu erro. Sou o responsável pela derrota". Daria até para empatar, caso o próprio Kuzmanovic não tivesse desperdiçado uma chance clara, alguns minutos depois.  Um caso de "man of the match" às avessas, para entrar em antologias do patético em Copas.

Em Polokwane, não houve surpresas. Argélia x Eslovênia confirmou todas as expectativas e foi mesmo horrendo, duelo entre legitimas "selebabas". Quando a seleção africana fazia o aquecimento, um bando de torcedores invadiu o gramado para abraçar e tietar os jogadores. Em espetáculo de rara e contemporânea estupidez, alguns deles seguiram filmando com celulares até mesmo quando já eram arrastados dali pelos policiais sul-africanos. Mas houve um ainda mais equivocado, de cartola de feltro e camisa verde e branca, que resolveu trepar na torre de um refletor para apreciar a pelada lá do alto.

O jogo? Foi um bumba-meu-boi danado, decidido por frango do goleiro Chaouchi, não tão vistoso quando o de seu colega inglês da véspera, mas com todos os requisitos para receber o adjetivo ridículo. Belo castigo para o senso estético do arqueiro, cabelos descoloridos ao pior estilo Belo e camisa lilás berrante. E ainda houve a lamentável participação do centroavante Ghezzal, expulso após apenas 14 minutos no gramado. Entrou no segundo tempo e, na primeira participação, deu um puxão na camisa de um adversário: cartão amarelo. Depois, mão boba na bola em jogada de ataque e... direto pro chuveiro. Se tem um sujeito no futebol que não pode reclamar de gente que perde a cabeça em momentos importantes, este é Zinedine Zidane. Mas o craque francês certamente sofreu um bocado no estádio: além de assistir àquilo tudo, ainda deve ter tentado torcer pelos compatriotas de seus pais, argelinos.

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