Um terremoto de magnitude 7 atingiu nesta terça-feira (12) o Haiti, destruindo vários prédios e causando devastação no país da América Central.
Não há confirmação oficial do número de vítimas, e a infraestrutura de energia elétrica e as comunicações com o exterior foram bastante afetadas. Mas, segundo testemunhas, o abalo pode ter deixado centenas de vítimas.
O tremor ocorreu às 16h53 locais de terça-feira (12), ou 19h53 de Brasília, de acordo com o Centro de Estudos Geológicos dos EUA (USGS) , que monitora e estuda tremores de terra em todo o mundo.
Segundo Dale Grant, analista do USGC, este foi o terremoto mais forte já registrado na região desde 1770. Antes, o mais intenso havia sido um tremor de 6,7 de magnitude em 1984.
Não há relatos totais de vítimas e feridos, mas a força do terremoto desta terça causou uma grande destruição, principalmente na capital, Porto Príncipe, onde vivem cerca de 2 milhões dos 10 milhões de habitantes do país.
O palácio presidencial, igrejas, o prédio onde fica o Banco Mundial e dezenas de casas desabaram.
Apesar da destruição do palácio, o presidente do país, René Préval, e a primeira-dama, Elisabeth Debrosse Delatour, estão a salvo, disse o embaixador do Haiti nos EUA, Raymond Alcide Joseph.
ONU: O forte sismo e os abalos secundários destruíram o prédio de cinco andares da Organização das Nações Unidas (ONU) na capital, segundo um porta-voz da instituição, que disse que há vários funcionários desaparecidos.
O Brasil mantém militares em uma missão de paz da ONU na região há pouco mais de cinco anos.
Segundo familiares de brasileiros em ação no país, os militares da missão da ONU estão bem. O governo brasileiro prestou solidariedade e disse que os militares estão ajudando nos trabalhos de resgate.
Três militares jordanianos teriam morrido e 21 ficados feridos no tremor, segundo uma fonte militar de Amã ouvida pela AFP.
Já a imprensa oficial chinesa disse que oito cidadãos do país membros das forças de paz da ONU foram sepultados pelo tremor, e 10 foram declarados desaparecidos. Há cerca de 125 chineses servindo no país.
Relatos: De acordo com relato recebido do Encarregado de Negócios do Brasil em Porto Príncipe, Cláudio Campos, o prédio da Embaixada do Brasil sofreu sérios abalos, mas não houve vítimas entre os funcionários brasileiros.
Segundo testemunhas ouvidas pela agência France Presse, o centro de Porto Príncipe ficou completamente destruído. Segundo um médico local, há muitos mortos.
Em entrevista ao G1, um haitiano relatou que todos estavam com medo de voltar para dentro dos prédios na capital.
O correspondente da agência de notícias Reuters na capital disse que vários prédios em Porto Príncipe desabaram e que há vítimas. "Tudo começou a tremer e as pessoas começaram a gritar, casas e prédios caíram... está tudo um caos", disse Joseph Guyler Delva. "Vi pessoas soterradas e pessoas mortas", completou.
Foto: Jorge Cruz (AP)
Cerca de 200 pessoas estariam sepultadas sob os escombros do hotel Le Montana, segundo o secretário francês da Cooperação, Alain Joyandet. Segundo o relato dele, 300 pessoas estavam no local, mas apenas 100 conseguiram sair do hotel, um dos mais luxuosos do país. Joyandet disse à emissora "France Info" que 60 cidadãos franceses se refugiaram na Embaixada da França, cujo prédio foi pouco atingido.
A porta-voz de um grupo de apoio católico no Haiti, Sara Fajardo, disse ter ouvido de um colega em Porto Príncipe dizer que o tremor pode ter deixado milhares de mortos. Segundo relatos de um correspondente da agência Associated Press, um hospital desabou em Petionville, e as pessoas ficaram desesperadas nas ruas.
O embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Joseph, afirmou que o tremor é uma "catástrofe de enormes proporções". Ele disse que, apesar da destruição no palácio nacional, o presidente do país, René Preval, e a primeira-dama, Elisabeth Debrosse Delatour, passam bem após o tremor.
O norte-americano Luke Renner, fundador da ONG Hands Across Haiti, está em Cap Haitien, cerca de 57 quilômetros ao norte da capital Porto Príncipe, e falou por telefone ao G1.
Ele disse que sentiu o terremoto mas que na cidade não houve estragos. Ele afirmou que não está conseguindo contato com amigos na capital por telefone, mas que teve notícias de alguns deles pela internet dizendo que os estragos são “extensos” em Porto Príncipe.
Epicentro a 15km da Capital: O tremor registrado teve seu epicentro a apenas 15 quilômetros da capital Porto Príncipe, e seu foco foi a apenas 10 quilômetros de profundidade -o que explica seu forte impacto. Após uma primeira medição de magnitude 7, uma nova medição da agência americana chegou a apontar magnitude 7,3, mas o registro foi corrigido em seguida para 7.
Pelo menos 39 réplicas foram sentidas até as 3h locais desta quarta, duas delas bastante fotes: uma de magnitude 5,9 graus, e outra de 5,5, a alguns quilômetros a sudoeste, poucos minutos depois do primeiro sismo.
Ajuda: Pouco após o tremor, o Haiti lançou um apelo por ajuda internacional.
A agência americana para o desenvolvimento internacional anunciou que está enviando uma equipe de resposta a desastres ao Haiti para ajudar na busca por vítimas e sobreviventes. Um grupo de 72 especialistas em resgate e seis cães treinados para buscas estão sendo enviados junto com 48 toneladas de equipamentos.
Pouco após o terremoto, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse estar acompanhando as notícias e que está "disposto a ajudar". Obama ordenou ao Departamento de Estado e ao Pentágono que preparem ajuda humanitária para, se necessário, enviar ao Haiti. "Estamos vigiando a situação estreitamente e estamos prontos para ajudar a população", disse Obama.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse que o país vai oferecer ajuda militar e civil ao Haiti. "Os Estados Unidos estão oferecendo assitência completa ao Haiti e outros na região. Estaremos oferecendo tanto ajuda civil quanto militar e assistência humanitária, e nossas preces estão com o povo que sofreu, suas famílias e seus queridos", disse. O Comando Sul do Pentágono avalia a localização de seus navios no Caribe para uma possível missão de ajuda.
Os governos da França, da Colômbia, da Venezuela e da Itália também já falaram em enviar ajuda ao país. O presidente Hugo Chávez ordenou o envio imediato de ajuda, assim como uma equipe de 50 especialistas em resgate de vítimas. O anúncio foi feito na noite de terça pelo ministro das Relações Exteriores venezuelano, Nicolás Maduro. Maduro disse que a ajuda será enviada "assim que amanhecer".
O enviado especial da ONU para o Haiti, o ex-presidente americano Bill Clinton, manifestou sua disposição de fazer "tudo o que for necessário" para ajudar o país. "Meus pensamentos e orações estão com o povo do Haiti", disse o ex-presidente em comunicado divulgado pela fundação que leva seu nome.
Já a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), Stéphanie Bunker, disse que foram iniciados os preparativos para enviar a Porto Príncipe uma equipe da unidade de Coordenação e Avaliação de Desastres das Nações Unidas (Undac).
O Banco Interamericano para o Desenvolvimento anunciou a liberação imediata de US$ 200 mil para ajudar na reconstrução do que o terremoto destruiu.
A Suíça anunciou o envio imediato de uma equipe de intervenção de urgência para colaborar nos trabalhos de resgate.
Considerado o país mais pobre da América Latina segundo dados da CIA, o Haiti já sofre com as mortes provocadas por doenças como a Aids, além de problemas causados pela falta de saneamento básico. O país tem altos índices de mortalidade infantil e baixas taxas de crescimento populacional.
Também está na rota de tempestades e furacões do Oceano Atlântico. Só em 2008, o país foi atingido por dois furacões e duas tempestades tropicais.