Foto: EFE / Globoesporte.com De obsessão a pesadelo. Principal objetivo do Corinthians em 2011, a Taça Libertadores da América acabou precocemente para o clube do Parque São Jorge. E com cara de vexame! Com uma derrota por 2 a 0 para o Deportes Tolima, em Ibagué, na Colômbia, o Timão deu adeus à competição ainda na primeira fase, a chamada “Pré-Libertadores”. Desde que ela foi instituída, em 2005, jamais um brasileiro tinha parado nela. Agora parou. E ouvindo "olé" na Colômbia.
Na semana passada, quando empatou por 0 a 0 com os colombianos, no estádio do Pacaembu, o discurso alvinegro era otimista. Até porque um novo empate, só que com gols, daria a classificação à fase de grupos ao Timão. Mas em campo nesta quarta-feira não foi possível ver o mesmo otimismo. Pelo contrário, o Corinthians foi apático, triste... Culpa de quem? De Tite? Da diretoria? De Ronaldo? Definitivamente, de todos.
O técnico realmente não armou bem a equipe nesta Libertadores - foi sua primeira derrota em 14 jogos. Mas Ronaldo andou em campo, a diretoria contratou mal e outros jogadores importantes, como Jucilei, Dentinho e Jorge Henrique sumiram. Para piorar, o peruano Luis Ramírez entrou em campo credenciado pela boa estreia no Paulistão e fez uma grande besteira: foi expulso por conta de uma cotovelada apenas um minuto depois de entrar em campo no lugar de Paulinho.
E agora, Corinthians? Acabou o ano? Não, não acabou, é verdade. Mas a equipe encontrará um clima complicado no Brasil. A pressão da torcida deve ser grande. A começar pelos pedidos pela demissão de Tite, ouvidos no estádio em Ibagué. E no domingo, o Timão tem nada menos que um clássico com o líder Palmeiras pelo Campeonato Paulista.
A crise alvinegra chegou cedo em 2011.
Timão acéfalo: O semblante preocupado e nervoso do técnico Tite à beira do gramado dizia tudo: o jogo estava complicado para o Corinthians. Mas boa parte da culpa nesse caso foi dele. Ao manter o esquema com três atacantes e colocar mais um volante, o treinador deixou o Timão “acéfalo". Sem armação, prevaleceu o bom toque de bola do Deportes Tolima.
E a equipe colombiana fez o torcedor do Timão sofrer. Desde o primeiro minuto. Logo de cara, Chará deu bom lançamento para Medina. O atacante cortou duas vezes o zagueiro Leandro Castán e bateu colocado. A bola raspou a trave direita de Julio Cesar. O goleiro, aliás, foi fundamental para o Corinthians na etapa inicial.
Com boas defesas, o camisa 1 evitou o pior. E o pior esteve muito perto de acontecer. Frio e objetivo, o time colombiano teve ótimas chances de abrir o marcador. Primeiro com Medina, depois com Chará e por fim com Castillo. Com um buraco no meio do campo, o Corinthians via sem reação as trocas de passes do adversário. E a defesa, exposta, batia cabeça.
O Timão foi tão mal no primeiro tempo que a primeira chance de gol foi criada apenas aos 15 minutos. E em um chute ruim de Jorge Henrique, de fora da área. Fora isso, o Alvinegro tentou com Ronaldo em cobrança de falta, mas a bola passou longe, bem longe, do gol defendido por Antony Silva. Faltava, é claro, um “cérebro” para pensar o jogo.
Ronaldo pouco se movimentou. Dentinho e Jorge Henrique jogaram abertos, mas pouco produziram. O trio de volantes formado por Ralf, Jucilei e Paulinho, por sua vez, se preocupou muito em marcar e não teve saída de bola. E a defesa esteve completamente perdida. E Tite não fez nada para mudar.
Timão morto: O técnico corintiano voltou para o segundo tempo com a mesma formação. Resolveu insistir mais um pouco no esquema sem armador. Já o Tolima, melhor no primeiro tempo, também não mudou. Mas porque as coisas estavam dando certo.
Mesmo assim, o Timão teve uma boa chance aos quatro minutos. Jorge Henrique cobrou escanteio da direita, e Leandro Castán cabeceou por cima do gol. Um minuto depois, enfim, uma criação. Fábio Santos rolou para Ronaldo, que ajeitou para Paulinho bater de primeira. Antony Silva, bem colocado, fez uma importante defesa para o Deportes Tolima.
A equipe colombiana, aliás, não conseguia mais imprimir o bom toque de bola de antes. E o Corinthians, então, aparecia mais no ataque. Mas sem criar muito. O Alvinegro tentava em um chute de longe, em uma bola alçada na área... A prova de que um meio campo consistente faz a diferença veio aos 20 minutos, pelos pés de Murillo.
Foi dele o passe em profundidade para Santoya tocar na saída do goleiro Julio Cesar e abrir o marcador para o Tolima. Os jogadores do Corinthians ainda reclamaram impedimento, mas a posição era legal. Prontamente, então, o técnico Tite resolveu mudar. Tirou Dentinho e Paulinho para as entradas de Danilo e Luis Ramírez.
As mudanças tinham potencial para dar certo, não fosse a infantilidade de Luis Ramírez. Em seu primeiro lance, ele deu uma cotovelada em Chará e acabou expulso. E a situação ficou pior aos 32 minutos. Murillo fez lindo cruzamento para Medina marcar de cabeça: 2 a 0. Entregue, o Corinthians nada conseguiu fazer. Levou "olé" nos minutos finais e, agora, tem de encarar o vexame.
Ficha Técnica:
DEPORTES TOLIMA 2 Antony Silva; Vallejo, Julian Hurtado, Arrechea e Noguera; Chará, Bolívar, Murillo (Piedrahita) e John Hurtado; Castillo (Santoya) e Medina (Closa). Técnico: Hernán Torres.
CORINTHIANS 0 Julio Cesar; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos (Edno); Ralf, Jucilei, Paulinho (Ramírez) e Jorge Henrique; Dentinho (Danilo) e Ronaldo. Técnico: Tite.
Gols: Santoya, aos 20, Medina, aos 32 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: Jorge Henrique, Leandro Castán, Jucilei (COR); Murillo, Chará (TOL). Cartão vermelho: Ramírez (COR).
Local: Manuel Murillo Toro, em Ibagué (COL). Data: 02/02/2011.
Árbitro: Roberto Silvera (URU). Auxiliares: Mauricio Espinosa (URU) e Carlos Changala (URU).