Tudo estava indo muito bem na nossa capital federal no que diz respeito a administração local. Tudo ia muito bem, com um Governador que é conhecido pela quantidade de obras públicas que comanda, pela qualidade dos serviços que seus comandados prestam, pela conservação do que já foi feito... Enfim, o Governo Distrital era rotulado em todo o Brasil como um bom governo.
Porém, bastou a Polícia Federal bater na porta do gabinete de José Roberto Arruda para saber que praticamente todos os políticos são farinha do mesmo saco. Fiquei estarrecido ao ver o noticiário quando vejo que um governador de administração tão exemplar é acusado de corrupção, além de muitos auxiliares e deputados distritais.
Foi uma grande surpresa para todos - E para mim também. Quem poderia imaginar que cenas como a de se esconder dinheiro na cueca voltariam a ocupar as reportagens nos jornais? Mas não foi só em cuecas não: Dessa vez, as meias são o destaque de esconderijo de propina, caixa dois... Enfim, de todas as formas sujas e podres de corrupção que não gostaríamos de ver.
Fez bem o Governador ao se antecipar a turma de José Agripino e do DEM em pedir sua desfiliação. Ao meu modo de ver - Assim como muitos blogueiros e muitos jornais destacam -, essa desfiliação ajudou o ainda Governador a não ter sua imagem ainda mais desgastada. Sorte dele que torceu o pé e precisou fazer uma cirurgia, pois sua imagem ficaria mais arranhada ainda com mais aparições.
Fotos: Roosewelt Pinheiro (AB)
Porém, acho que seus comandados mandaram mal em reprimir de forma tão chula e desagradável - para não chamar aquilo com outros adjetivos de baixo calão - a manifestação correta e coerente de um grupo formado principalmente por estudantes que pediam a derrubada do mandato do Governador Arruda. Foi lamentável ver a covarde cavalaria pisoteando os manifestantes que só queriam ter o direito de ter voz e expressar sua opinião sobre o escândalo político que assola a capital federal.
Pior ainda é saber que pessoas da alta cúpula da polícia dizerem que não teve excessos na operação. Jogar spray de pimenta em jornalistas não foi excesso? Pisotear manifestantes com cavalos não foi excesso? Dar tiros de balas de borracha no meio da multidão não foi excesso? Quase acertar manifestantes com artefatos de gás lacrimogénio não foi excesso? Se isso não for excesso, o que aconteceu em Curitiba e que postei na segunda-feira também não é excesso!
Olha, isso já tá ficando chato. Todos os dias vemos nos jornais as mesmas coisas sobre essas falcatruas. Seria bom que tudo isso acabasse logo, com a exclusão de vidas públicas dos envolvidos e prisões, se necessário. Mas, como sei que tudo no Brasil se tem um jeitinho, sabemos que a massa italiana provavelmente voltará a tona. De que sabor, então, será a nova pizza?
1 comentários:
Talvez sabor "porco", Andrey! rsrsrs... sabor "porco" de "porco capitalista"...
Acompanhei o ocorrido em Brasília, como já acompanhei nos meus curtos 22 anos vida uma porrada de casos semelhantes a esse(do marajá Fernando Collor aos mensalões e corrupções do governo FHC e Lula). A conclusão a qual cheguei, depois de vivenciar tanta sujeira e tantos escandalos, é a seguinte: não adianta cortar os galhos da árvore, quando o problema tá no tronco. Arrancando os galhos e deixando o tronco intacto, o problema só se arrefece por um curto transcurso de tempo: depois, os galhos crescem novamente, e voltamos a estaca ZERO.
Quantos deputados, senadores e autoridades de cargos executivos já foram afastados por estarem envolvidos em articulações de desvio de verba pública ou de lavagem de dinheiro? Uma quantidade grande pra burro! E, no entanto, os casos de grana em meia, em cueca e cenas de descaramento - como a da cúpula evangélica orando a Deus em agradecimento ao dinheiro assaltado dos cofres públicos - deixaram de acontecer?
É PERCEPTÍVEL que o problema da corrupção não está em um político ou em um partido, está, sim, na própria estrutura política e, sobretudo, econômica do país. A corrupção é intrínca ao sistema capitalista, a esse jogo econômico que preconiza o lucro monetário individual e sem limites.
Não tenho muita fé de que a corrupção um dia será extirpada das veias da engranegem estatal, mas, se existe uma forma que possa curar essa ferida aberta da sociedade brasileira, talvez seja a reelaboração de um sistema econômico que não privilegie a lógica do lucro.
Se continuarmos acreditando que a corrupção será expelida desse círculo selvagem, dessa corrida insandecida pela ganho individual e irrestrito de capital, em detrimento do sociedade como um todo; se continuarmos pensando que as atitudes sistemáticas de corrupção serão dissolvidas mesmo dentro de um ideário que difunde a imagem ilusória de que a felicidade consiste em possuir uma mansão em Mônaco, um conversível superpotente ou uma roupa da moda, vamos continuar vendo, inquietantemente, os galhos tomarem formas cada vez mais perturbadoras.
Rodrigo Capistrano.
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