Créditos: Programa "Fantástico"
O repórter Eduardo Faustini, enviado especial à região, entrevistou, na cadeia, o padrasto do bebê. O homem, segundo a polícia, confessou ter sido o autor do crime.
Sem demonstrar emoção, o ex- ajudante de pedreiro Roberto Carlos Magalhães, de 30 anos, dá detalhes do que fazia para imobilizar o menino de 2 anos, enteado dele.
Fonte: Youtube
"Colocava um pouquinho de vinho mais forte e água e dava ao menino. Ele bebia e desmaiava. Aí, colocava as agulhas", conta. "Fiz isso duas ou três vezes por semana, durante um mês".
Agora, ele não esconde o que fez. Mas não foi sempre assim. Quando falou pela primeira vez à polícia, mentiu o tempo todo. Um dia depois de ter jurado inocência para a escrivã Luísa Assis, Roberto Carlos Magalhães sumiu. Até que, na quarta-feira passada (16), graças a uma denúncia anônima, foi descoberto pelo delegado Helder Santana no hospital onde o bebê estava internado. Imagens foram feitas no momento da captura.
A criança foi levada pela mãe ao hospital de Ibotirama, no oeste baiano, no dia 9 de dezembro. Chorava muito. Sem um diagnóstico evidente, os médicos pediram uma radiografia.
"A nossa equipe ficou toda surpresa, tanto que a gente pediu para repetir o exame pensando que era problema do nosso raio-x. Ninguém pensava que uma criança de 2 anos pudesse engolir agulha ou, então, que alguém tivesse a capacidade de fazer isso em uma criança de 2 anos", diz o médico Gilmar Calazans.
As imagens não deixavam dúvidas: o corpo da criança tinha sido perfurado por 31 agulhas de costura. Mas como elas foram parar ali? O padrasto Roberto Carlos confessou a violência.
Segundo a polícia, ele disse que era tudo um ritual e que duas mulheres o ajudaram. Uma delas é Maria dos Anjos Nascimento, de 56 anos. À polícia, ela disse que faz trabalhos religiosos. A outra é a lavradora Angelina dos Santos. Roberto Carlos diz que é amante dela. Mas a lavradora nega: “nunca tive nada com ele”.
Imagens mostram o momento em que Angelina e Roberto Carlos ficaram frente a frente na delegacia. “Eu tenho prova na rua toda de que lá em casa ele não vai”, diz a mulher. “Eu ia lá, sim”, rebate o padrasto da criança.
As duas estão presas temporariamente. Negam participação e dizem que a acusação de Roberto Carlos é absurda.
Por causa da revolta da população de Ibotirama, a polícia decidiu transferir Roberto Carlos de cidade. Pouco antes de ele ser removido, explicou com frieza, ao repórter do Fantástico Eduardo Faustini, qual era seu objetivo: matar a criança.
"Foi ideia de louco mesmo colocar essas agulhas nele. Eu colocava na perna, coloquei dez agulhas. Na hora, ele estava dopado. Eu ia matar a criança, do jeito que estava em risco de morte o pobre do coitado", diz Roberto Carlos.
Em seguida, o pedreiro afirma que queria matar o menino e explica o motivo. "Eu brigava direto com a minha mulher. Passava 15, 20 dias de mal com ela e começava a fazer essa palhaçada besta de matar o menino", diz.
Roberto Carlos conta que a criança era levada para a casa de Angelina para poder aplicar as agulhas. Sobre a participação de Bia, ele explica: "A Bia trabalhava com os caboclos, com os orixás, para poder fazer isso. Era ela quem preparava o vinho para dopar o menino".
Roberto Carlos demonstra ter noção do que fez. "Foi um sofrimento brabo mesmo. Era para atingir a mãe do menino. Angelina ficava ali junto, segurando no menino, para eu poder colocar as agulhas. Eu achava que as agulha iam caminhar pelo corpo para matar o menino. Era uma maneira de matar e ninguém descobrir."
O padrasto acreditava que ninguém ia descobrir as agulhas no corpo da criança. E conta que o menino tinha medo dele. "Ele corria, gritava nos braços da mãe que não queria de jeito nenhum quando me via. Quando acordava, chorava porque sentia dor. Eu levava ele para casa e depois para o hospital. Eu falava para o médico que ele estava chorando e depois começava a vomitar. O médico passava o soro. Eu levava ele para casa e fazia a ruindade de novo", diz.
O padrasto Roberto Carlos vivia com a mãe do menino havia seis meses. Além da criança que foi agredida, ela tem dois filhos com outro homem. Na casa onde a família vivia, a avó materna, Adelícia Souza dos Santos, sofre à espera de notícias. Era ela quem cuidava da criança.
"É filho de criação e neto. Tenho duas partes no menino. É o menino por quem eu mais quero bem", diz a senhora.
Transferida no dia 17 para Salvador, a 650 quilômetros de Ibotirama, a criança passou por uma cirurgia de cinco horas. Quatro agulhas - duas no pulmão e duas no coração - foram extraídas. Eram as mais perigosas. Mais duas cirurgias ainda devem ser feitas para a retirada total das agulhas.
O menino se recupera bem na UTI pediátrica. Exames revelam que o coração e o pulmão esquerdo, de onde foram retiradas quatro agulhas, na última sexta-feira (18), estão ótimos. Ele se alimenta bem, está consciente e não tem febre.
A próxima cirurgia para retirar uma agulha do intestino e outra da bexiga da criança ainda não tem data marcada. “Nós consideramos que a evolução da criança foi bem favorável. Repetimos exames que também foram satisfatórios. A programação da cirurgia do abdômen será nesta semana”, afirma Roque Aras, diretor médico do hospital.
0 comentários:
Postar um comentário