23 de julho de 2010

Gangues voltam a se enfrentar

16:07 | , , ,

Créditos: Tribuna do Norte
Foto: Adriano Abreu (Tribuna do Norte)
O Centro da cidade viveu mais uma manhã de tumulto e violência provocados por estudantes envolvidos com torcidas organizadas. A confusão começou por volta das 10h de ontem quando dois grupos – um da Máfia Vermelha e outro da Gangue Alvinegra – começaram a fazer baderna nas imediações da Praça Cívica, em Petrópolis. Sessenta jovens e adolescentes espalhados em pontos entre o Colégio Atheneu e a Escola Estadual Winston Churchill, convergiam para o local, onde haveria um confronto. Os menores se agrediam, lançando pedras e pedaços de madeiras. A operação contou com quatro viaturas da PM.

Com a chegada das viaturas, os adolescentes se dispersaram pelas ruas do Centro provocando confusão e trânsito lento. Policiais a cavalo perseguiram estudantes pelas ruas Princesa Isabel, Ulisses Caldas, até à Avenida Rio Branco. Nas proximidades do Sesc, quatro menores, com idades entre 15 e 17 anos, moradores nas Rocas e na Zona Norte foram detidos pela Polícia Militar. Os baderneiros seguiram em viaturas até à Vara da Infância e Juventude, para serem liberados ou encaminhados à Delegacia do Adolescente (Dea). Um deles disse ser sobrinho de um major da Polícia.

Segundo o coronel Silva Júnior, as brigas só terão fim quando forem adotadas medidas mais rigorosas, como a detenção dos menores e posterior liberação mediante a presença de pais ou responsáveis. Em geral, após a vistoria, os menores são liberados e retornam aos mesmos pontos. “Vou apresentar proposta à Vara da Infância e Adolescentes para que os menores envolvidos sejam recolhidos em ônibus da PM e levados ao quartel, onde ficarão até os pais irem buscar”. O comerciante Marcelino Lúcio, que precisou baixar as portas da distribuidora de livros, disse que os “pegas” ocorrem diariamente. “Hoje em dia os estudantes assumem o papel de bandidos”, lamentou a dona de casa Maria da Soledade Mendes.

Enquanto os menores eram levados, em outro ponto da cidade – em frente ao Palácio dos Esportes - policiais da Ronda Escolar abordavam outros grupos. Dentre eles, cerca de 20 meninas, com idades entre 14 e 17 anos, que segundo informações repassadas ao Ciosp, foram incumbidas pelos rapazes de esconder armas brancas. A polícia feminina fez a vistoria em bolsas e cadernos das estudantes. Foram apreendidos um rojão e um “soco inglês”, que seriam usados no conflito.

O tenente Willame Bruno Silva Barbosa da Ronda Escolar explicou que a PM  antecipou-se à ação das torcidas, evitando prejuízos maiores. No local, ninguém foi detido. Os que trajavam uniforme escolar eram conduzidos à direção da Escola Felipe Guerra. “As medidas administrativas cabem à direção, que irá identificar e convocar os pais”. O PM informou ainda  ser comum integrantes das duas torcidas se vestirem com fardamento e recrutarem estudantes para as gangues.

Na tentativa de justificar a aglomeração, os estudantes argumentavam estarem ali para a abertura dos jogos estudantis, previstos para ocorrerem somente no dia 20 de agosto. Liberados, os adolescentes  permaneciam no local e criticavam a truculência da polícia, que segundo o grupo, não resolve. “Vão continuar as rixas”, disse um deles que não quis se identificar.

Memória recente das confusões: No dia 20/05, quarenta estudantes soltam rojões e atiram pedras uns nos outros na rua Trairi com avenida Deodoro da Fonseca. Ninguém saiu ferido, apenas um carro foi atingido. Os comerciantes chamaram a PM. Com a chegada das viaturas, os adolescentes se dispersaram pelas ruas do Centro provocando ainda mais tumulto. A operação terminou nas imediações da Praça André de Albuquerque, Cidade Alta. Os policiais conseguiram prender quatro adolescentes e um adulto, que foram liberados em seguida.

Em 21/04, dois adolescentes são apreendidos após atirarem pedras em um transporte coletivo na avenida Rio Branco, no Centro. A PM foi acionada e conseguiu controlar a situação. Por causa do vandalismo uma rede de lojas fechou as portas por alguns minutos. Em outro ponto do Centro, na Praça Cívica, alunos de escolas estaduais por pouco não entraram em confronto. Policiais da Rocam foram acionados e conseguiram conter o princípio de confusão.

Já no dia 11/03, um ônibus do sistema coletivo é apedrejado quando passava pelo viaduto do Baldo. A suspeita é de que o motivo tenha sido a rivalidade entre as gangues de torcidas. Várias janelas foram quebradas e os passageiros entraram em pânico. Quatorze adolescentes foram apreendidos nas imediações, mas acabaram liberados. “Levamos todos para a delegacia, mas o motorista do ônibus não apareceu para fazer o reconhecimento. Infelizmente, tivemos que liberá-los”, justificou o Tenente Guedes, da PM.

0 comentários: