Créditos: Folha de S. Paulo
Foto: Alessandro Bianchi (Reuters / Folha Online) |
Cedendo às pressões que aumentaram seu isolamento nas últimas semanas, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, 75, apresentou neste sábado sua renúncia ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, dando fim a um período de 17 anos na liderança política do país e abrindo caminho para a contenção da crise econômica italiana.
A assinatura do pedido de renúncia, confirmada pela Presidência, chegou horas após a Câmara ter aprovado as medidas anticrise exigidas pela União Europeia (UE).
Sem um pronunciamento ao público, Berlusconi deixou a sede do governo italiano por uma saída lateral, evitando a multidão que comemorava em frente ao Palácio Quirinale.
Diante da crescente perda de popularidade e da ausência de apoio até mesmo de sua base governista, Berlusconi não teve outra alternativa senão anunciar, na terça-feira (8), que renunciaria ao cargo uma vez que a Lei de Estabilidade fosse aprovada pelo Congresso.
A lei contém as medidas exigidas para garantir a estabilidade financeira e reduzir a enorme dívida pública do país, que atualmente corresponde a 120% do PIB (€ 1,9 trilhão), através de uma economia de até € 59,8 bilhões até 2014.
Diante do anúncio, senadores e deputados decidiram agilizar a tramitação da medida durante a semana para garantir que o mandatário estivesse fora do comando do país antes de segunda-feira.
A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, elogiou a aprovação da lei no Senado e disse que a indicação de um novo premiê é "um sinal de clareza e credibilidade da situação política" na Itália. Ainda na sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que "o país precisa de reformas, não eleições".
Os gritos de "fora", "mafioso", "palhaço", "ladrão" e xingamentos variados emitidos pela multidão reunida em frente à sede do Parlamento e do Palácio Quirinale, sede do governo onde Berlusconi selou sua renúncia, dão o tom com o qual ele encerra um ciclo de mais de 17 anos na liderança da cena política italiana. Um coral chegou a cantar "Aleluia", de Handel.
Pouco antes de dirigir-se ao Quirinale, o agora ex-premiê disse à imprensa sentir-se "profundamente doído" pelos protestos e ofensas.
Sucessão: A opção que aparece com mais força para a era pós-Berlusconi é a formação de um governo técnico capaz de se entender com todas as forças políticas para tirar a Itália da difícil situação na qual se encontra.
Para liderar o governo, o nome mais forte é o do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, que conta com um grande apoio entre as forças parlamentares e foi nomeado senador vitalício pelo presidente.
Monti é formado pela renomada Universidade Bocconi e depois estudou em Yale, nos Estados Unidos. Chegou a lecionar na Universidade de Turim, tornou-se professor de economia política na Bocconi e foi nomeado para o cargo em Bruxelas por Berlusconi em 1994.
Serviu como chefe de competição da UE, supervisionando os inquéritos antitruste da Microsoft feita no início dos anos 2000, quando ganhou notoriedade e renome em Bruxelas.
Há dois anos foi encarregado da compilação de um relatório sobre o mercado único da EU, que pediu mais desregulamentação para estimular a competição e o crescimento econômico.
Corrupção: Hábil para apresentar-se como "vítima", sempre investigado pela Justiça por denúncias de corrupção, Berlusconi foi construindo com paciência a imagem de um "presidente trabalhador", com a qual ganhou as eleições de 2001, apoiado pela mesma coalizão que, em 1994, levou-o ao poder e que rebatizou como "A Casa das Liberdades".
Apesar das críticas e controvérsias despertadas por seu mandato entre 2001 e 2006 e das divisões internas dentro da própria coalizão, que quase se desintegrou, Berlusconi tornou-se o 'líder máximo' da direita italiana.
Com um golpe estratégico, reunificou suas hostes sob uma só bandeira e um partido único, o "Povo da Liberdade", fruto da fusão entre a direita Aliança Nacional (AN) e sua própria chapa, "Forza Italia (FI)" - uma jogada surpreendente que permitiu a ele, em 2008, chegar novamente ao poder.
A ruptura ano passado com seu aliado Fini, atual presidente da Câmara de Deputados, ocorreu em um momento particularmente delicado, em meio a picantes revelações sobre suas proezas sexuais e desprestígio moral.
Escândalos: Os excessos e abusos do magnata das comunicações no exercício do poder motivaram críticas e protestos nos meios de comunicação, entre os industriais e inclusive na igreja italiana.
Sua vida dissipada e a atração por mulheres jovens levaram, em 2009, a um pedido público de divórcio por parte de sua segunda esposa.
Julgado pelos tribunais de Milão (norte) por prostituição de menores e abuso, como no caso da jovem marroquina chamada Ruby - uma das protagonistas de suas célebres festas privadas ao ritmo do "bunga-bunga" - Berlusconi deve responder à Justiça também por suborno e fraude fiscal.
Sempre bronzeado e com vários "liftings" e implantes capilares, Berlusconi foi casado duas vezes, é pai de cinco filhos e tem muitos netos.
A assinatura do pedido de renúncia, confirmada pela Presidência, chegou horas após a Câmara ter aprovado as medidas anticrise exigidas pela União Europeia (UE).
Sem um pronunciamento ao público, Berlusconi deixou a sede do governo italiano por uma saída lateral, evitando a multidão que comemorava em frente ao Palácio Quirinale.
Diante da crescente perda de popularidade e da ausência de apoio até mesmo de sua base governista, Berlusconi não teve outra alternativa senão anunciar, na terça-feira (8), que renunciaria ao cargo uma vez que a Lei de Estabilidade fosse aprovada pelo Congresso.
A lei contém as medidas exigidas para garantir a estabilidade financeira e reduzir a enorme dívida pública do país, que atualmente corresponde a 120% do PIB (€ 1,9 trilhão), através de uma economia de até € 59,8 bilhões até 2014.
Diante do anúncio, senadores e deputados decidiram agilizar a tramitação da medida durante a semana para garantir que o mandatário estivesse fora do comando do país antes de segunda-feira.
A diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, elogiou a aprovação da lei no Senado e disse que a indicação de um novo premiê é "um sinal de clareza e credibilidade da situação política" na Itália. Ainda na sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que "o país precisa de reformas, não eleições".
Os gritos de "fora", "mafioso", "palhaço", "ladrão" e xingamentos variados emitidos pela multidão reunida em frente à sede do Parlamento e do Palácio Quirinale, sede do governo onde Berlusconi selou sua renúncia, dão o tom com o qual ele encerra um ciclo de mais de 17 anos na liderança da cena política italiana. Um coral chegou a cantar "Aleluia", de Handel.
Pouco antes de dirigir-se ao Quirinale, o agora ex-premiê disse à imprensa sentir-se "profundamente doído" pelos protestos e ofensas.
Sucessão: A opção que aparece com mais força para a era pós-Berlusconi é a formação de um governo técnico capaz de se entender com todas as forças políticas para tirar a Itália da difícil situação na qual se encontra.
Para liderar o governo, o nome mais forte é o do economista e ex-comissário europeu Mario Monti, 68, que conta com um grande apoio entre as forças parlamentares e foi nomeado senador vitalício pelo presidente.
Monti é formado pela renomada Universidade Bocconi e depois estudou em Yale, nos Estados Unidos. Chegou a lecionar na Universidade de Turim, tornou-se professor de economia política na Bocconi e foi nomeado para o cargo em Bruxelas por Berlusconi em 1994.
Serviu como chefe de competição da UE, supervisionando os inquéritos antitruste da Microsoft feita no início dos anos 2000, quando ganhou notoriedade e renome em Bruxelas.
Há dois anos foi encarregado da compilação de um relatório sobre o mercado único da EU, que pediu mais desregulamentação para estimular a competição e o crescimento econômico.
Corrupção: Hábil para apresentar-se como "vítima", sempre investigado pela Justiça por denúncias de corrupção, Berlusconi foi construindo com paciência a imagem de um "presidente trabalhador", com a qual ganhou as eleições de 2001, apoiado pela mesma coalizão que, em 1994, levou-o ao poder e que rebatizou como "A Casa das Liberdades".
Apesar das críticas e controvérsias despertadas por seu mandato entre 2001 e 2006 e das divisões internas dentro da própria coalizão, que quase se desintegrou, Berlusconi tornou-se o 'líder máximo' da direita italiana.
Com um golpe estratégico, reunificou suas hostes sob uma só bandeira e um partido único, o "Povo da Liberdade", fruto da fusão entre a direita Aliança Nacional (AN) e sua própria chapa, "Forza Italia (FI)" - uma jogada surpreendente que permitiu a ele, em 2008, chegar novamente ao poder.
A ruptura ano passado com seu aliado Fini, atual presidente da Câmara de Deputados, ocorreu em um momento particularmente delicado, em meio a picantes revelações sobre suas proezas sexuais e desprestígio moral.
Escândalos: Os excessos e abusos do magnata das comunicações no exercício do poder motivaram críticas e protestos nos meios de comunicação, entre os industriais e inclusive na igreja italiana.
Sua vida dissipada e a atração por mulheres jovens levaram, em 2009, a um pedido público de divórcio por parte de sua segunda esposa.
Julgado pelos tribunais de Milão (norte) por prostituição de menores e abuso, como no caso da jovem marroquina chamada Ruby - uma das protagonistas de suas célebres festas privadas ao ritmo do "bunga-bunga" - Berlusconi deve responder à Justiça também por suborno e fraude fiscal.
Sempre bronzeado e com vários "liftings" e implantes capilares, Berlusconi foi casado duas vezes, é pai de cinco filhos e tem muitos netos.
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