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Imagem: TV Globo / Yahoo! |
O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico de drogas da Favela da Rocinha, foi preso no fim da noite desta quarta-feira por policiais do Batalhão de Choque da PM, na Lagoa, em frente à sede do Clube Piraquê. Segundo a polícia, ele estava num Corolla preto quando foi abordado pelos agentes.
No início da noite, dez pessoas, entre policiais e traficantes, foram presas durante operação da Polícia Federal, quando cinco agentes civis e militares escoltavam cinco traficantes que esteriam fugido da Favela da Rocinha. A comunidade deve receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no próximo domingo. De acordo as primeiras informações, o grupo estaria dividido em quatro carros que foram interceptados por agentes da PF em frente ao Shopping da Gávea e ao Jóquei, na Zona Sul do Rio. Um dos bandidos presos é o traficante Anderson Rosa Mendonça, conhecido como Coelho, braço-direito do traficante Nem e chefe do tráfico no Morro de São Carlos. Nos carros foram apreendidas armas, granadas e drogas. Todos foram levados para a sede da PF, na Praça da Bandeira. Os bandidos teriam negociado, segundo uma alta fonte da Polícia Civil, o pagamento de cerca de R$ 2 milhões pela escolta feita pelos agentes do estado. Com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, agentes federais estavam monitorando os traficantes e flagraram os policiais em conversas com os bandidos.
Entre os presos, segundo a PF, estão três policiais civis, sendo deles da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) - Carlos Renato Rodrigues Tenório e Wagner de Souza Neves - e um da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública (DRCCSP) - Carlos Daniel Ferreira Dias. O grupo também conta com dois ex-PMs, José Faustino Silva e Flávio Melo dos Santos, de acordo com nota enviada pela PF na noite desta quarta-feira.
Os outros cinco são traficantes. Além de Coelho, outro dos principais chefes do tráfico no Morro de São Carlos, no Estácio, também estaria entre os presos na noite desta quarta-feira. Sandro Luiz de Paula Amorim, o Lindinho ou Peixe, foi procurar abrigo na Rocinha logo após seu reduto ser ocupado por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ele foi encarregado de assumir também o comandos das favelas de Macaé, após a morte do traficante Roupinol, ocorrida em 2010. Os outros três bandidos são Paulo Roberto Lima da Luz, conhecido como Paulinho; Varquia Garcia dos Santos, conhecido como "Carré"; e Sandro Oliveiro.
Três fuzis, dez pistolas, cinco granadas e 20 carregadores, além de reais e euros em quantidade ainda não revelada, foram apreendidos. Também foram apreendidas joias em ouro.
Segundo o Tribunal de Justiça, a PF pediu auxilio à Vara de Execuções Penais para monitorar um dos integrantes do grupo que foi preso. A PF sabia que ele, por ser foragido do sistema penal, estava usando uma tornozeleira eletrônica. Através desse monitoramento, foi possível localizar o grupo.
A correria dos policiais para capturar os bandidos transformou a rotina da Rua Arthur Araripe, uma via curta, predominantemente residencial, em frente ao shopping da Gávea, que liga a Marquês de São Vicente à Autoestrada Lagoa-Barra. Os policiais fecharam o trânsito em dois pontos durante a operação, que mobilizou cerca de 40 agentes. Algemados, os bandidos presos eram colocados deitados no asfalto.
A colunista Lu Lacerda estava na Gávea e presenciou a cena. Conforme descrito em seu blog, a "Santos Dumont, de pracinha bucólica que é, transformou-se numa zona de guerra". Segundo ela, quatro carros com policiais à paisana tentavam interceptar um Honda Civic de placa de final 5036, em frente ao Jockey Club. Um policial recebeu a denúncia, que foi confirmada quando dois carros da Polícia Civil conseguiram interceptá-los, e com eles encontraram pistola, fuzil, maconha, carregador de arma e granada. Os bandidos, inclusive o policial, foram jogados no asfalto, algemados e presos ali, diante de pedestres chocados, de acordo com a colunista: "Sirenes soavam, o trânsito parou, algumas pessoas corriam, outras berravam, com muito, muito medo." Uma estudante da Pontifícia Universidade Católica, na Gávea, também contou os momentos de tensão que viveu durante a operação. Em vídeo postado no Twitter, ela revela que agentes do Bope entraram na universidade.
Segundo o corregedor da Polícia Civil, delegado Gilson Emiliano, a informação de que Nem sairia escoltado foi passada pelo Disque-Denúncia (2253-1177) na manhã desta quarta-feira, e dá conta de que o traficante sairia da favela num carro preto com soldados do tráfico fortemente armados e escoltados por viaturas. A denúncia não mencionou se a escolta seria feita por policiais civis ou militares. Por precaução, Gilson Emiliano montou uma operação para evitar a fuga e prender os policiais.
Na terça-feira, o delegado titular da 15ª DP (Gávea), Carlos Augusto Nogueira Pinto, afirmou que instaurou um procedimento para investigar a denúncia de que Nem estaria intervindo nas associações de moradores na região. Há informações de que o traficante teria determinado a antecipação da eleição para a escolha dos presidentes das entidades.