Créditos: Nominuto.com
Foto: Elpídio Junior (Nominuto.com)
Quem se aventura a andar por Natal, desde ontem (2) à tarde, deve ter percebido a dificuldade em trafegar pela cidade. O motivo, é claro, o Carnatal. Por causa da festa, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) interdita os acessos das avenidas Prudente de Morais, Salgado Filho e as ruas São José, Nascimento de Castro e Mor Gouveia – algumas das vias mais movimentadas de Natal.
Além dos congestionamentos recorrentes, as linhas de ônibus sofrem alteração em seu itinerário em virtude da micareta. Segundo divulgado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), também haverá incremento da frota para atender as necessidades dos foliões.
Nas linhas que fazem o trajeto nas imediações do Machadão, estão previstas viagens de reforço. Isto significa que, além do último horário de saída normal, os motoristas devem realizar outra viagem. O Seturn aumentou ainda a capacidade dos veículos: retiraram os micro-ônibus de circulação e colocaram carros de maior porte.
As repartições públicas estaduais, por sua vez, funcionam apenas até as 13h. A determinação foi do governador Iberê Ferreira de Souza e foi publicada no Diário Oficial da última quarta-feira (1º). As escolas públicas também fecham as portas. Na noite de quinta-feira, nem mesmo a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) funcionou normalmente. Alguns poucos professores se dispuseram a dar aula no horário do Carnatal.
Enquanto isso, o noticiário está cheio de matérias referentes ao evento. Todos querem saber sobre os horários dos blocos, o esquema de segurança, o que acontece na festa. Durante o dia, as pautas diferenciadas são raras nem por culpa dos editores dos jornais, mas do próprio momento vivido pela cidade. A cobertura ao vivo, então, se torna quase indispensável dentro de um veículo de comunicação.
A micareta afeta tanto a dinâmica da cidade que os moradores chegam a deixar suas casas e viajar para outros destinos. O fluxo nas estradas federais, conforme divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), aumenta em 15%, sem falar no movimento na rodoviária. Alguns chegam a se hospedar em hotéis para escapar dos transtornos do corredor da folia.
Em 2008, um morador entrou na Justiça pedindo que a Destaque Promoções, organizadora da festa, arcasse com as despesas de hospedagem. Ele argumentou que residia nos arredores de onde se realiza o Carnatal e, em razão do evento, tinha sua vida cotidiana prejudicada, além do que possuía um filho de apenas três anos de idade. O pedido, à época, foi negado.
Mas se há pessoas também saindo, há quem venha para a Natal unicamente para participar da micareta. De acordo com o empresário do turismo, Murilo Felinto, a ocupação hoteleira passa dos 90%. O incremento, segundo informou, é visível sobretudo no turismo local, visto que a maioria dos visitantes vem de outros estados do Nordeste.
Com o maior número de pessoas na cidade, aumenta também o consumo. Pensando nisso, várias marcas firmam parceria com a Destaque, como é o caso da Skol, Smirnoff, Oi, Siemens, Tam e Pepsi. Nas imediações do Carnatal, apenas estes produtos podem ser comercializados. Mesmo os vendedores ambulantes cadastrados na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) para trabalhar na festa precisam obedecer às regras.
Lucram, por fim, as grandes empresas relacionadas ao evento, e alguns poucos informais – que “tiram uma grana” com a comercialização de produtos, venda e reforma de abadás ou recolhendo as latas de cerveja e refrigerante deixadas pelos foliões nas avenidas.
Além das latas, no entanto, muitos outros objetos são deixados no corredor da folia. Para garantir a limpeza do espaço público, a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) preparou um plano de trabalho especial. Para tanto, foram escalados mais de 120 garis da companhia, além de 70 catadores das Cooperativas de Materiais Recicláveis, que serão responsáveis pela coleta de resíduos e limpeza do local.
Quanto à segurança, efetivo escalado para atuar durante a micareta conta com 1.500 homens divididos em todos os espaços do evento, além de 50 câmeras de monitoramento espalhadas pelo percurso, serviço reservado que vai estar a postos, e dez torres de observação.
O atendimento fica ao encargo do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que conta com um pequeno posto avançado, localizado no corredor da folia. A estrutura reduzida serve para os atendimentos mais urgentes, e é dotada de sala de estabilização e acolhimento com 4 leitos. Cerca de 125 pessoas compõem a equipe do Samu para o Carnatal. Ao todo 12 médicos, 12 enfermeiros, 52 técnicos de enfermagem, além do pessoal de apoio estarão trabalhando durante os 4 dias do evento.
A festa tem dimensão tão grande que já serviu até de "meio de divulgação" da cidade. No ano passado, a prefeita Micarla de Sousa recebeu convidados no camarote da administração municipal e aproveitou a oportunidade para vender a cidade como destino turístico para imprensa televisiva local e de todo o Brasil.
Este ano, tendo atingido o limite prudencial, o camarote não foi viável. Em entrevista anterior ao portal Nominuto.com, o secretário do Gabinete Civil da Prefeita, Kalazans Bezerra, disse que o camarote "pode ser um local importante para a visita de possíveis investidores na capital potiguar e, caso não representasse um valor alto para a prefeitura manter o espaço na festa, a despesa acabaria sendo válida e se transformando em lucro para a cidade".
“Vamos ver a relação custo benefício. Só terá camarote se o beneficio para a cidade for muito grande com investimento pequeno”, declarou. Pelo visto os benefícios não foram suficientes ou os custos elevados demais.
E se o Carnatal serve para divulgação de alguma coisa, nesta edição os jornalistas aproveitaram para reclamar sobre os baixos salários pagos à categoria. Com o slogan "Salário de jornalista no RN: uma vergonha!" impresso em uma faixa no bloco Burro Elétrico, a imprensa potiguar reclamou uma remuneração mais digna e condizente com o serviço prestado pela categoria.
Mas o Carnatal não rende apenas para quem gosta de micareta. Em resposta à festa, outros movimentos se organizaram para proporcionar uma alternativa a quem não gosta do estilo musical. Alguns exemplos – os mais conhecidos – foram o Caosnatal (para o rock) e o Carnatronic (para a música eletrônica). Este ano, completando a programação alternativa, o Castelo Pub organizou o "Todo Carnatal tem seu fim". E enquanto o fim não chega, o evento vai continuar "parando" Natal nos quatro dias de sua realização.
Além dos congestionamentos recorrentes, as linhas de ônibus sofrem alteração em seu itinerário em virtude da micareta. Segundo divulgado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), também haverá incremento da frota para atender as necessidades dos foliões.
Nas linhas que fazem o trajeto nas imediações do Machadão, estão previstas viagens de reforço. Isto significa que, além do último horário de saída normal, os motoristas devem realizar outra viagem. O Seturn aumentou ainda a capacidade dos veículos: retiraram os micro-ônibus de circulação e colocaram carros de maior porte.
As repartições públicas estaduais, por sua vez, funcionam apenas até as 13h. A determinação foi do governador Iberê Ferreira de Souza e foi publicada no Diário Oficial da última quarta-feira (1º). As escolas públicas também fecham as portas. Na noite de quinta-feira, nem mesmo a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) funcionou normalmente. Alguns poucos professores se dispuseram a dar aula no horário do Carnatal.
Enquanto isso, o noticiário está cheio de matérias referentes ao evento. Todos querem saber sobre os horários dos blocos, o esquema de segurança, o que acontece na festa. Durante o dia, as pautas diferenciadas são raras nem por culpa dos editores dos jornais, mas do próprio momento vivido pela cidade. A cobertura ao vivo, então, se torna quase indispensável dentro de um veículo de comunicação.
A micareta afeta tanto a dinâmica da cidade que os moradores chegam a deixar suas casas e viajar para outros destinos. O fluxo nas estradas federais, conforme divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), aumenta em 15%, sem falar no movimento na rodoviária. Alguns chegam a se hospedar em hotéis para escapar dos transtornos do corredor da folia.
Em 2008, um morador entrou na Justiça pedindo que a Destaque Promoções, organizadora da festa, arcasse com as despesas de hospedagem. Ele argumentou que residia nos arredores de onde se realiza o Carnatal e, em razão do evento, tinha sua vida cotidiana prejudicada, além do que possuía um filho de apenas três anos de idade. O pedido, à época, foi negado.
Mas se há pessoas também saindo, há quem venha para a Natal unicamente para participar da micareta. De acordo com o empresário do turismo, Murilo Felinto, a ocupação hoteleira passa dos 90%. O incremento, segundo informou, é visível sobretudo no turismo local, visto que a maioria dos visitantes vem de outros estados do Nordeste.
Com o maior número de pessoas na cidade, aumenta também o consumo. Pensando nisso, várias marcas firmam parceria com a Destaque, como é o caso da Skol, Smirnoff, Oi, Siemens, Tam e Pepsi. Nas imediações do Carnatal, apenas estes produtos podem ser comercializados. Mesmo os vendedores ambulantes cadastrados na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) para trabalhar na festa precisam obedecer às regras.
Lucram, por fim, as grandes empresas relacionadas ao evento, e alguns poucos informais – que “tiram uma grana” com a comercialização de produtos, venda e reforma de abadás ou recolhendo as latas de cerveja e refrigerante deixadas pelos foliões nas avenidas.
Além das latas, no entanto, muitos outros objetos são deixados no corredor da folia. Para garantir a limpeza do espaço público, a Companhia de Serviços Urbanos de Natal (Urbana) preparou um plano de trabalho especial. Para tanto, foram escalados mais de 120 garis da companhia, além de 70 catadores das Cooperativas de Materiais Recicláveis, que serão responsáveis pela coleta de resíduos e limpeza do local.
Quanto à segurança, efetivo escalado para atuar durante a micareta conta com 1.500 homens divididos em todos os espaços do evento, além de 50 câmeras de monitoramento espalhadas pelo percurso, serviço reservado que vai estar a postos, e dez torres de observação.
O atendimento fica ao encargo do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que conta com um pequeno posto avançado, localizado no corredor da folia. A estrutura reduzida serve para os atendimentos mais urgentes, e é dotada de sala de estabilização e acolhimento com 4 leitos. Cerca de 125 pessoas compõem a equipe do Samu para o Carnatal. Ao todo 12 médicos, 12 enfermeiros, 52 técnicos de enfermagem, além do pessoal de apoio estarão trabalhando durante os 4 dias do evento.
A festa tem dimensão tão grande que já serviu até de "meio de divulgação" da cidade. No ano passado, a prefeita Micarla de Sousa recebeu convidados no camarote da administração municipal e aproveitou a oportunidade para vender a cidade como destino turístico para imprensa televisiva local e de todo o Brasil.
Este ano, tendo atingido o limite prudencial, o camarote não foi viável. Em entrevista anterior ao portal Nominuto.com, o secretário do Gabinete Civil da Prefeita, Kalazans Bezerra, disse que o camarote "pode ser um local importante para a visita de possíveis investidores na capital potiguar e, caso não representasse um valor alto para a prefeitura manter o espaço na festa, a despesa acabaria sendo válida e se transformando em lucro para a cidade".
“Vamos ver a relação custo benefício. Só terá camarote se o beneficio para a cidade for muito grande com investimento pequeno”, declarou. Pelo visto os benefícios não foram suficientes ou os custos elevados demais.
E se o Carnatal serve para divulgação de alguma coisa, nesta edição os jornalistas aproveitaram para reclamar sobre os baixos salários pagos à categoria. Com o slogan "Salário de jornalista no RN: uma vergonha!" impresso em uma faixa no bloco Burro Elétrico, a imprensa potiguar reclamou uma remuneração mais digna e condizente com o serviço prestado pela categoria.
Mas o Carnatal não rende apenas para quem gosta de micareta. Em resposta à festa, outros movimentos se organizaram para proporcionar uma alternativa a quem não gosta do estilo musical. Alguns exemplos – os mais conhecidos – foram o Caosnatal (para o rock) e o Carnatronic (para a música eletrônica). Este ano, completando a programação alternativa, o Castelo Pub organizou o "Todo Carnatal tem seu fim". E enquanto o fim não chega, o evento vai continuar "parando" Natal nos quatro dias de sua realização.
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