Muito bem amigo leitor... Vamos com mais uma atualização. Nesta segunda-feira, falamos da Fórmula 1 e a crise do Felipe Massa, que não passa por um bom momento na equipe Ferrari. Por isso, trazemos hoje a opinião do comentarista Rodrigo Mattar, do canal de TV fechada SporTV, em seu blog no site Globoesporte.com. Boa leitura!
Créditos: Globoesporte.com
Imagem: Globoesporte.com |
Era uma vez um piloto que, quando surgiu na Fórmula 1, foi saudado pela imprensa italiana com tapete vermelho, elogios que o levavam às alturas e uma capa de revista que o saudava como “Il nuovo Senna” - O novo Senna.
Uma década depois disso, ou mais, esse mesmo piloto é, hoje, saudado pela mesma imprensa italiana não com tapete vermelho, não com elogios. Muito pelo contrário: os epítetos direcionados não são, digamos, dos mais agradáveis de se ler. “Inútil” foi o menos antipático, mas nem por isso menos grosseiro.
O piloto em questão é o brasileiro Felipe Massa, que chegou ao ponto mais baixo de sua relação com a opinião da imprensa do país da Ferrari, a ponto dos jornalistas daquele país colocarem-no na berlinda, indicando que seu futuro na Fórmula 1 está vinculado a uma inevitável saída da equipe.
Cabe lembrar que Felipe sempre foi bem-tratado pela Ferrari, desde que começou sua carreira na Itália, passando pela Fórmula 3000, seus anos na Sauber e seu trabalho como piloto de testes e depois como titular. Teve a seu lado Michael Schumacher e Kimi Räikkönen. Venceu corridas, mostrava velocidade, garra e por um triz não foi campeão mundial em 2008.
É aí que cabe uma reflexão: será que foi pelos bons tratos que a equipe lhe dispensou que Felipe preferiu não culpar ninguém do staff do time pela perda do caneco naquele ano em que Hamilton o venceu? Ora, falar do episódio de Cingapura é fácil. Duro é admitir o erro cometido na Malásia, os pit stops ruins ao longo da temporada, a quebra de motor na Hungria, o sem-fim de rodadas na Inglaterra e a história da mangueira de reabastecimento em Cingapura.
Tudo culpa da Renault, de Flavio Briatore, Pat Symmonds, Fernando Alonso e de Nelson Ângelo Piquet, não? Ah… e de Timo Glock, claro… como poderia me esquecer dele?
Pois bem: o regulamento foi mexido e a Ferrari não conseguiu fazer em 2009 um carro à altura da Brawn GP, que dominava a temporada. Massa fazia um campeonato bastante honesto até o acidente com a mola na cabeça em Hungaroring. Aí veio Fernando Alonso para Maranello como sucessor de Kimi Räikkönen. E no ano seguinte, temo dizer que o polêmico episódio da Alemanha mexeu definitivamente com o fator psicológico do piloto brasileiro. Não sei até que ponto os brios de Felipe foram feridos com o “Fernando is faster than you”, mas aquela frase deixou claro que ele não era prioridade na equipe. Alonso carimbava, ali, o passaporte de piloto número 1 da Ferrari.
Apesar de insistir em dizer que continua ‘o mesmo piloto de sempre’, não foi isso que vimos no ano passado. Basta a comparação do que ele fez na pista em corrida e o que fez Alonso. O espanhol foi ao pódio 10 vezes e venceu o GP da Inglaterra. Massa nem chegou perto disso. Foi 5º colocado seis vezes e se a pontuação da Fórmula 1 em 2011 fosse aquela dos velhos tempos, ele teria marcado somente 12 pontos – um a mais do que Didier Pironi somou em 1981, no último ano em que um piloto da equipe vermelha tinha passado uma temporada inteira sem subir ao pódio.
E quando achávamos que haveria uma nesga de reação, 2012 começa ainda pior. O carro da Ferrari, verdade seja dita, é muito ruim. Mas, pombas! Como Alonso consegue 35 pontos, vence em Sepang, é líder do campeonato e Massa se arrasta entre os últimos? Na Austrália, sua volta mais rápida em ritmo de corrida foi 1″663 pior que a do bicampeão do mundo. Ontem, na Malásia, a diferença foi inferior a três décimos. Ok, amenizou um pouco. Mas com pneus intermediários, Alonso fez várias voltas rápidas e a diferença de desempenho entre eles foi absolutamente gritante.
Há alguma coisa de muito errado com Felipe Massa. Se com um carro ruim, Fernando faz 35 pontos e ele nenhum, é hora de uma reflexão mais profunda sobre o futuro do piloto brasileiro dentro da Ferrari.
O que será preciso para que ele recupere um tantinho do que ele conseguia fazer antes do acidente na Hungria – embora muitos insistam que uma mola na cabeça não influencie em nada – para ser minimamente aguerrido, competitivo e até feliz?
Não sinto que hoje Felipe seja ou esteja aguerrido, competitivo e feliz. E para piorar, tem gente que está ligada à Ferrari, cheia de tesão, garra e alegria, batendo à porta de Maranello como que avisando de sua presença e de que ele existe, doido para sentar no carro vermelho e mostrar o que sabe.
Sergio Perez é a sombra de Massa, não tenham dúvidas. E o 2º lugar do mexicano na Malásia representa um perigo real e imediato acerca do futuro do brasileiro na Ferrari – quiçá, até, na própria Fórmula 1.
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